quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL!!!


Há alguns dias, ou semanas, não atualizo o blog. Isso se deu porque fiquei uma semana na chácara e a conexão com a internet lá estava difícil. Cheguei ontem. Fui pra lá pois nos últimos dias estava me sentindo meio angustiada, melancólica, triste, estressada, cansada... na verdade acho que a ficha caiu agora... comecei a senti uma depressão em ver tudo que aconteceu comigo, com meu corpo, nada mais era como antes, tudo em mim estava diferente, e ainda por cima alguns efeitos da quimioterapia insistem em não me deixar. Meu corpo ainda está dolorido (mas um pouco melhor do que antes), as unhas estão horríveis (mas parece que está crescendo uma unha nova abaixo da velha), meus cabelos estavam espetados e uns fios maiores que os outros (ontem a Débora passou a máquina 2 e aparou), minha aparência, olho fundo, as gordurinhas que ganhei, meu seio... tudo isso passou a me incomodar. Aquela positividade e alegria que esteve presente em mim em todos os momentos desde a descoberta sumiu um pouquinho. Daí pensei: "Vou pra chácara! Lá reponho minhas energias..." Não queria contagiar ninguém com meu baixo astral e já estava estressando as pessoas a minha volta e me sentindo estressada por elas. Desmarquei fisioterapia, dentista, a consulta com a oncologista (nos encontraremos em janeiro), negociei a hidroginástica (que não consegui mais ir por estar muito dolorida) e fui. Acabei passando uma semana. Levei a Tucha e o Zion (meus cachorros). Alguns dias fiquei só (o que foi bom para refletir) e outros acompanhada pelo meu bem, meus pais, avós, meu irmão, tios, primas e cia. Queria só paz. E não há melhor lugar para encontrar isso que não na chácara. Se pudesse me mudava pra lá. Adoro estar no mato, em contato direto com a natureza. Ontem, meu amor foi me buscar e ainda no caminho começou a bater aquela tristeza de novo. Pensei em voltar correndo. Mas não dá pra ficar fugindo dos problemas. Temos que encará-los e seguir em frente. Tentei mudar meu pensamento. Meu amorzinho me deu uma força e comecei a me sentir melhor. Tinha uma festa de família, que eu estava louca pra ir, mas acabei resolvendo ficar em casa (Iuri, parabéns, primo! Adoro vc! Vamos comemorar sempre...). Sei que não posso me deixar levar por estes pensamentos ruins, isso piora mais a situação. Mas tem hora que vem com todo o gás e não dá pra segurar. Sei que são reações normais, fazem parte do momento que estou vivendo, mas quero evitá-las. Tudo tem seu tempo, devo respeitar este tempo, o meu tempo.

Desejo a todos um feliz Natal cheio de alegria, prosperidade, fraternidade, união e muito amor....

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Recomeçar...

Recomeçar, renovar, energizar, limpar, amar, meditar, exercitar, trabalhar, estudar, caminhar, casar, engravidar... esses são verbos que quero para minha vida neste momento, ou melhor, a partir deste momento. Claro! Cada coisa no seu devido tempo e ordem. Estou um pouco ansiosa para os acontecimentos em minha vida. Mas vou com calma. Há 13 dias fiz minha última sessão de quimioterapia e os únicos efeitos que ainda sinto são um pouco de cansaço e uma dor muscular nas pernas e nos braços que não passa de jeito nenhum. Essa última foi difícil. Como as doses estão relacionadas ao peso, nesta última a dose foi maior. E os efeitos, piores. Até vomitar (o que não aconteceu em nenhuma) eu vomitei. Além da dose maior, a resistência não é a mesma, pois o corpo já está debilitado depois de 8 sessões de quimioterapia. Mas eu sempre me lembrava: "É a última vez que vou sentir isso..." Meu cabelo parece estar crescendo, pois está todo espetadinho e ainda não consegui identificar se está crescendo loiro ou branco... melhor loiro, né? Nestas últimas semanas ao redor dos meus olhos ficou escuro, como se eles estivessem fundos. Fiquei com aspecto abatido. Estou parecendo o "tio chico" (já assistiram à Família Adams??? rs...). Tudo bem! Isso vai melhorando com o tempo e nada que uma boa maquiagem não resolva. Sobre os quilinhos que acumulei durante o tratamento, os dias deles estão contados. Me matriculei na hidroginástica (tem um ritmo mais lento por ser na água e por enquanto é o que eu aguento), que começa hoje e ainda vou começar a fazer uma série de exercícios que meu personal trainer particular (meu Xuxuzinho) passou para mim. Isso tudo e umas caminhadas, futuramente corridas no parque, podem ajudar muito. Ontem tomei o FAO (Fatores de Auto-Organização) pela quarta vez, aqueles remedinhos homeopáticos que ajudam no equilíbrio dos chacras, para ajudar na minha recuperação. E semana que vem volto para a pós-gradução, pelo menos para pegar a última matéria antes das férias. Outra coisa: segunda-feira tive consulta com o Dr. Adorno (cirurgião plástico) e combinamos de nos encontrar novamente em janeiro para começar a tratar da reconstrução do meu seio. Isso porque eu preciso fazer aqueles exames junto ao aconselhamento genético para saber da probabilidade de tirar ou não a outra mama. Este exame também farei em janeiro. Então, ano novo e vida nova! Meu novo ano já começou. Deus me deu uma chance para recomeçar.... vou aproveitá-la ao máximo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

ÚLTIMA QUIMIOTERAPIA!!!!

Acabou!!!!!!!!!!!!! Ontem fiz a ÚLTIMA sessão de quimioterapia. Estava contando os dias e as horas por este momento. Foram 113 dias da primeira sessão até ontem, ou melhor, praticamente 4 meses (ainda tem mais uns dias pela frente de reações e remédios) de luta e aprendizagem constante, que foram difíceis mas valeram a pena. Mamãe, Xuxuzinho e Dedé foram comigo para esta última batalha. E o melhor de tudo é que a última consulta foi com a Dra. Patrícia (não desmerecendo o Dr. Márcio, pois também gostei muito dele), que nos fez chorar com tantas palavras bonitas e positivas para um momento tão especial. Estávamos com saudades dela! O clima na clínica era de festa... enfermeiros e enfermeiras pareciam tão felizes quanto eu. Agora só são mais uns dias sentindo os efeitos (que de tanta felicidade acho que nem vou sentir nada...) e tudo voltará ao normal. Pelo menos parte da minha vida. Quero fazer tantas coisas que vou ter que ir com calma. Primeiro de tudo, a partir do dia em que eu estiver me sentindo melhor já quero começar a me exercitar para começar a perder os 10 quilos que ganhei nesta fase. Isso mesmo... 10 quilos.... a boa notícia é que minha médica disse ontem que tudo isso é só água e que daqui uns a 20 dias devo começar a desinchar e que o processo é rápido. Conto com isso. Depois quero viajar (nem que seja só uns diazinhos), quero voltar para o meu curso de especialização, quero trabalhar, quero namorar muuuito, curtir minha família, meus amigos, meus bichinhos, quero tomar sol, quero curtir essa vida da melhor forma possível todos os segundos que eu puder. Neste momento estou muito emocionada, acho que ficarei assim alguns dias. Agora que estou dando conta realmente do que acabei de enfrentar. Muitos dias foram difíceis, outros foram até mais fáceis, mas o que valeu foi a aprendizagem que tirei disso tudo. Aprendi muita coisa e sei que ainda vou aprender muito mais, pois ainda há outras etapas pela frente, mas daqui em diante vou tirar tudo de letra, pois o pior já passou. Só tenho a agradecer: primeiramente a Deus, por senti-lo sempre ao meu lado, assim como meu anjo da guarda.... a minha mãe, parceira e guerreira espetacular, que também foi muito forte e tenho certeza que praticamente viveu e sentiu tudo que vivi e senti (mãe é mãe), talvez até sofreu mais do que eu... meu paizinho, o melhor pai do mundo, que fez sempre o que pôde da melhor forma que pôde... AMO MUITO VOCÊS DOIS! MEUS HERÓIS!!! Quero agradecer também meu Xuxuzinho, companheiro, parceiro, cúmplice, meu amor para toda minha vida. Ele soube respeitar este meu momento e me deu força, esteve ao meu lado em todas as horas em que precisei dele. E sei que para ele a barra também foi pesada, mas ele segurou direitinho. Nós dois aprendemos muito juntos neste momento, o que só fez crescer o que sentíamos um pelo outro. TE AMO MUITO, MEU AMOR! MUITO OBRIGADA POR ESTAR SEMPRE AO MEU LADO. Quero agradecer também meu irmãos: Dedé - não tenho nem palavras para explicar o quanto a amo, companheira de todas as horas, esteve ao meu lado em todos os momentos dicífeis e todos os momentos bons de toda minha vida. Minha melhor amiga. João Renato, irmão exemplar, cuidou direitinho da irmã mais velha, aplicou direitinho as injeções de Granulokine para que eu não sentisse nada, sempre foi meu parceiro e cúmplice também. Meu melhor amigo. Brenda, que apesar da fase, "a aborrecência", acho que às vezes não sabia exatamente como agir, mas eu sei que ela sentiu e vivenciou este momento como todos os outros, mas da maneira dela, o que respeito e compreendo. Mas o que eu quero dizer é que: AMO VOCÊS, MEUS IRMÃOS, e sei que posso contar com vocês para o que der e vier, assim como podem contar comigo também. Quero agradecer também a todas as pessoas da clínica que passaram comigo este período e sempre foram muito generosos e carinhosos em todos dias que passei por lá, seja em consulta ou na quimioterapia. Obrigada, meninas da recepção, todos os enfermeiros e enfermeiras - Gláucia, Cláudia, Ronald, Márcio, Karla e Núbia; e quero agredecer também ao Dr. Márcio, que cuidou de mim enquanto a Dra. Patrícia se recuperava do pós-parto (não deve ser fácil pegar paciente dos outros). Quero agradecê-la muito especialmente, pois ela é especial, uma médica que valoriza e dá muita importância aos seus pacientes. Dra. Patrícia está com um recém-nascido de 40 dias em casa e já voltou a trabalhar, simplesmente porque ela quer cuidar de todos. Não é linda? Ela já tem seu lugarzinho reservado no céu... MUITO OBRIGADA, DRA. PATRÍCIA, você é um exemplo de amor ao próximo. E também quero agradecer a todos que estiveram ao meu lado, de todas as formas, cada um do seu jeito. Obrigada, vovó, vovôs, minhas tias mais lindas do mundo (queria citar o nome de todas.... mas de alguma forma já fiz meu agradecimento especial para elas); meus tios lindos também (meu tio Júnior até raspou a cabeça quando raspei e disse que só deixaria crescer quando acabasse tudo isso - pode deixar crescer, tio, pois o meu já está crescendo!); minhas primas mais queridas e especiais (também queria escrever o nome de todas, mas elas também sabem do meu amor e meu carinho por todas - Obrigada, primas lindas!!!!); meus primos queridos, meus amigos, minhas amigas mais que amigas - amo todas vocês e obrigada por estarem ao meu lado sempre. Obrigada também à sogrinha e Cunhas, por fazerem parte da minha vida, assim como toda minha nova família Pimenta. Obrigada a todos os que deixaram recados no meu blog, orkut, aos que me enviaram e-mails sempre me fortalecendo com palavras positivas e motivadoras, que nos incentivam a lutar mais. Obrigada, obrigada, obrigada a todos! Sou uma pessoa muito feliz por ter uma família e amigos maravilhosos - pois o que importa nesta vida é simplesmente isso. Por este motivo, só tenho a agradecer - OBRIGADA!!!!!!!
Tiramos algumas fotos para registrar este momento tão especial:



Mamãe mais linda do mundo!!!!

Meu amor do meu ladinho sempre!

Recebendo beijinho da Dedé! Ops... amassou o nariz..rs.

Agora sim... Irmã linda!

Dra. Patrícia - meu anjo da guarda!

Cláudia (enfermeira) - outro anjo!

Meu Xuxuzinho!!!

Assim é bom fazer quimioterapia....

Momento final.... comemoração pelas últimas gotinhas do remédio do "bem"....

Ufa.... Acabooooooouuuuuu!!!!!! Agora é só felicidade!!!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Esta luta está chegando ao fim....


É... essa luta está chegando ao fim. Estou falando da quimioterapia, que para mim e sei também que para qualquer uma que esteja passando por ela - creio que concordarão - é a parte mais difícil desta etapa. Semana passada fiz a penúltima e começei a me sentir ruim lá pelo domingo. Segunda e ontem fiquei mal, sem forças pra nada, nem ânimo, agonia total... tomei uns remedinhos para dormir melhor, e aí sim consegui descansar. Hoje ainda estou meio abatida. Meus olhos voltaram a lacrimejar, parece conjuntivite. Acordo com os olhos pregados, está horrível. Há alguns dias notei que minhas veias da mão esquerda ficaram pretas, como se estivessem queimado. Na verdade, queimaram mesmo, pois as enfermeiras falaram que pode ter sido o sol. Não tomei sol, sempre tento me proteger com filtro solar, mas devo ter vacilado algum dia. Ah... e outra coisa: meus cílios e sobrancelhas estão me deixando... muito estranho ficar "quase" sem sobrancelhas. Mas tudo bem, já já tudo volta ao normal. Embora se sentir bonita no dia a dia faz muita diferença. Faço uma maquiagem, me produzo, faço o melhor para melhorar minha imagem procurando alimentar minha autoestima. Evito não pensar muito nesta parte estética, pois se o fizesse acho que entraria em parafuso.
Semana passada, o curso de meditação chegou ao fim. Foi muito bom participar, aprender e compartilhar com tantas pessoas iluminadas e especiais estes bons momentos ao longo das últimas 15 semanas. A meditação ajudou a me concentrar em mim, nos meus princípios, no meu ser interior, favorecendo meu autoconhecimento. Apesar de ter praticado pouco (o que quero mudar), aprendi a valorizar mais minhas intuições. Os professores, Dr. Tosta e Dr. Castellar, com certeza são seres iluminadíssimos que conseguiram nos passar toda essência da meditação prânica, para que possamos assim chegar a um nível elevado de energia que nos permite uma harmonia maior com Deus, com o universo, e com toda natureza. Amorescer para transcender é o nosso lema. Obrigada, doutores, e obrigada, minhas colegas de curso (principalmente, Sueli, Jane e Cláudia), por estes momentos tão importantes que passamos juntas. Para finalisar, queria falar um pouco mais (pois já falei em outras ocasiões) sobre a questão da positividade. De acordo com Michael J. Losier, do livro "A Lei da Atração" ("O Segredo" - colocando em prática), a lei da atração pode ser definida como: "Atraio para a minha vida qualquer coisa à qual dedico atenção, energia e concentração, seja ela positiva ou negativa." Lendo estas palavras e relacionando este conhecimento a algumas aprendizagens do curso de meditação, eu e minha mãe (fiel companheira) repensamos sobre algumas atitudes que podemos tomar diante de algumas situações , como por exemplo responder algumas perguntas da vida. Em vez de perguntar - por que sofro? perguntar - para que sofro? Assim, nos libertamos de um pensamento ignorante e passamos a ver momentos como este de dor não como um castigo, e sim como oportunidades de reflexões, aprendizagens e crescimento. Nos dediquemos então aos pensamentos positivos e nossas vibrações irão responder conforme nossos pensamentos.
 




segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Consulta no INCA - Rio de Janeiro


Que cidade maravilhosa!!!! Estou encantada, apaixonada pelo Rio. Não queria ir mais embora. Além da consulta, aproveitamos (eu e mamãe, minha companheira de todas as horas) para conhecer alguns lugares. Só minha mãe conhecia o Rio de janeiro, eu não. Então ela teve que repetir (nossa! que sacrifício..) alguns passeios por minha causa. Fomos ao Corcovado ver o Cristo Redentor, ao Pão de Açúcar, ao Maracanã, Marquês de Sapucaí, Catedral, ao ensaio da Portela (Maravilhoso!!!), pegamos uma prainha (eu fiquei na sombra e com muito protetor, é claro!) e de quebra ainda conhecemos o Neguinho da Beija-flor, que também já passou por esta luta e veio me cumprimentar (isso mesmo, ele veio até mim) e trocamos experiências sobre tratamentos e efeitos colaterias, a conversa foi ótima, com direito a CD, foto e tudo mais. Foi simplesmente demais! Tudo perfeito! Mas o motivo principal da viagem foi a consulta no INCA (Instituto Nacional do Câncer), que a princípio seria com o Dr. Maltoni (Vice-Presidente do INCA Nacional), mas como ele teve um imprevisto (entrevista para a Globo News ao vivo), fomos atendidas - eu, mamãe e Miriam - pelo Dr. Lasmar (Diretor do Inca Unidade III - unidade especializada em câncer de mama). A consulta foi excelente! Ele concorda com meu tratamento, disse que está tudo nos conformes e conversamos muito sobre a questão de retirar a outra mama. A questão é muito mais complexa do que imaginávamos. Primeiro é necessário fazer um aconselhamento genético com um médico especialista (até nos indicaram um dos pioneiros nesta área) que nada mais é do que uma orientação quanto a riscos hereditários e genéticos de câncer (verifica-se a história familiar) e ainda se é possível saber as probabilidades de desenvolver tumores malignos e analisar as opções e medidas profiláticas. A pouco tempo tive conhecimento de parentes com histórico de câncer, mas nenhum com quadro de câncer de mama ou ovário, que estão associados um ao outro por questões hormonais. Este conhecimento é importante, pois a partir dessa pesquisa pode-se analisar o melhor procedimento a realizar. Se tiver riscos, o ideal é retirar a outra mama. Mas como a mama está associada aos ovários, estes também devem ser retirados, se não a cirugia será em vão, e os riscos totais não serão eliminados. Como ainda não tenho filhos e tenho muita vontade de engravidar, essa questão deve ser analisada cuidadosamente e pode ser pensada com calma. Lembrando que só tenho hoje, um ovário, pois retirei o outro para o congelamento, justamente para tentar ser mãe, caso este que me resta, me deixe na mão (tenho confiança que este não será meu caso). Vale lembrar também, que a retirada da mama e dos ovários, não garante que um câncer possa ainda se desenvolver. Este procedimento só elimina uma grande porcentagem da chance desta ocorrência. Como deu pra ver, a consulta foi muito produtiva. Não sabíamos da complexidade deste assunto e nossa conversa de mais de uma hora com o Dr. Lasmar nos rendeu vários esclarecimentos. Mais uma vez, quero agradecer a Miriam e também a minha tia Lígia, que insistiram para que fizessemos esta viagem, que nos trouxe tanta informação e muuuuuita paz de espírito. Hoje coletei sangue para o hemograma, amanhã tenho consulta para análise das taxas e liberação da quimio. O Rio renovou minhas energias. Estou pronta para a próxima quimioterapia na quinta-feira.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Alguns dias depois da sexta quimio...

Cinco dias depois da sexta sessão de quimio, tive mais uma vez altos e baixos. Corpo mole, cansaço, dores pelo corpo... a mesma coisa. Fui passar o feriado na chácara para poder ficar sossegada. No domingo à noite senti a pressão baixar e quase desmaiei. Deixei todo mundo preocupado, o Xuxu me disse para nunca mais assustá-lo assim - tadinho! São as injeções de granulokine que mexem no nosso corpo e em nossa imunidade, fazendo uma bagunça danada. Espero melhorar rápido, pois amanhã... vou viajaaaaaar. Na verdade, não é uma viagem a passeio, mas vou unir o útil ao agradável. Uma grande amiga da família nos sugeriu e arrumou tudo para que eu fizesse uns exames no INCA (Instituto Nacional do Câncer), no Rio de Janeiro, com os melhores especialistas. Já estou na mão de especialistas, pois tenho confiança plena em meus médicos, mas não custa nada fazer uma consulta com outros e saber suas opiniões. Já tocando no assunto, quero agradecê-la e agradecer a Deus por tantas oportunidades. Não estava esperando que isso acontecesse no meio do caminho, eu não procurei, veio até mim. "Só pode ser coisa de Deus" - disse minha mãe. Eu é que não vou discordar. O melhor de tudo isso é que não conheço o Rio e vou aproveitar para recarregar as energias naquela cidade maravilhosa. Só preciso pisar na areia e dar uma molhadinha no mar... só isso já me basta e tenho plena certeza de que estarei com meu prana transbordando. Antes de ir para o aeroporto, vou ter que passar na clínica onde faço quimio, para tomar mais uma dose de Zoladex, aquele santo remedinho que vai proteger a função do meu ovário e vai me permitir ser mamãe quando eu for tentar engravidar. Espero que o Rio de Janeiro traga vibrações positivas, para a consulta e pelo fato de estar simplesmente mudando os ares, conhecendo um lugar novo. Obrigada, meu Deus! Obrigada, Miriam!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Gravação de vídeo sobre a saúde da mulher

Tô chique demais... Ontem recebi em casa uma equipe do SEST/SENAT para fazer uma gravação, na verdade um depoimento, sobre o que passei e estou passando em relação ao câncer de mama. Muito legal! A irmã de uma amiga é jornalista desta instituição e explicou que todo ano promovem ciclos de palestras sobre temas variados, e o ano que vem será sobre a saúde da mulher. Depois de cada palestra, é passado um vídeo com depoimentos de várias mulheres com diferentes histórias. No meu caso, foi sobre o câncer de mama. Estava ansiosa, pois nunca gravei nada, nem passei por situação semelhante. Mas acho que me saí bem. A equipe toda foi muito atenciosa e me deixou bastante à vontade, apesar de eu ter ficado um pouquinho nervosa no ínicio e até esquecia a ordem dos acontecimentos. Acredito que tenha dado certo. Quando for divulgado passarei o contato para quem quiser ir assistir em alguma unidade desta instituição. A ideia do vídeo é passar o conhecimento do assunto a várias mulheres e mostrar a necessidade de estar sempre realizando exames de prevenção, não importando a idade, já que o câncer não escolhe idade e hoje em dia é muito comum mulheres com minha mesma faixa etária, inclusive mais novas, estarem passando por situações semelhantes à minha.

Mudando de assunto: acabei de chegar da quimioterapia e até agora estou me sentindo bem, como da outra vez. O pior vem depois de uns dois, três dias. Mas, como sempre, tento pensar positivo para que os efeitos sejam menores. Dessa vez também estou mais preparada para as dores, pois meu médico receitou outro remedinho para aliviá-las.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A mulher careca

Sábado passado, sai com a careca descoberta. Estava calor e já estou cansando de usar lenço, chapéu ou qualquer coisa na cabeça. Já me sinto à vontade para sair assim, e fui a uma feira da cidade com meu irmão e à casa de uma amiga. Ainda no carro, em um sinal, outro carro parou ao lado do nosso, com quatro pessoas. Uma foi falando para a outra e quando vi estavam todas me olhando e comentando alguma coisa. Olhei rindo também e falei: "Olha a galera falando de mim..." Todos ficaram sem graça e olharam para o lado disfarçando. Quase morremos de rir. Já na feira, as crianças eram as mais engraçadas, paravam o que estivessem fazendo para me olhar e sempre cutucavam a amiguinha: "Olha! A mulher careca!". Foi superdivertido! A filha de um primo meu (minha prima também, claro!), quando me viu pela primeira vez, queria que a mãe dela a levasse ao cabeleireiro para fazer um "corte" igual ao meu. Criança é muito inocente. A galera mais velha já olhava de rabo de olho. Eu, particularmente, quando via alguém careca na rua, muitas vezes associava a alguma doença. Poucas vezes pensei que era só estilo. Mas também olhava de rabo de olho. É a curiosidade - "Será que doença ela tem? Será que ela é careca por opção?" Achei divertido e diferente. Vou fazer isso mais vezes... sou muito mais que uma simples careca! Deviam estar me olhando por me acharem bonita... rsrs. Amanhã faço a sexta sessão de quimioterapia. Agora sim, está acabando.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Causas emocionais


Pronto! melhorei...rs. Não disse que passa? Pois é, passou. Não sinto mais nada hoje, graças a Deus. Agora, só semana que vem. Tem que ter senso de humor para levar esta fase da vida numa boa. Ando sentindo só as unhas da mão doerem um pouco, daí corri para o Dr. Google. Li que elas podem se tornar frágeis e escuras e em alguns casos podem até cair. Ai nem... a unha não... Não vou dar muita atenção para não encucar. Deixa pra lá... Neste troca-troca de experiências que tenho vivido ultimamente com várias pessoas, principalmente com companheiras by câncer de mama, ouvi falar que alguns tipos de câncer estão relacionados a causas emocionais. Não tinha botado muita fé antes, até porque nunca tinha me envolvido profundamente nestes assuntos. Depois de ler muito a respeito, descobri que nos estudos sobre as causas do câncer estão incluídos estudos das causas emocionais. O câncer de mama geralmente está relacionado a perdas por amor, mãe ou filha. Não precisa ser necessariamente de uma causa específica, um conjunto de causas também pode ocasionar um câncer. Sentimentos reprimidos, mágoas não resolvidas, traumas do passado.... tudo isso pode influenciar o surgimento deste e outros males. Na minha vida em particular, ou melhor, nesta vida (pois pode ter sido em outra - acredito em vidas passadas), não me lembro de ter vivido tais situações. Nenhum episódio específico me vem à mente que poderia ter-me feito criá-lo. Claro! Existem outras mil causas associadas a todos os tipos de cânceres, mas não vou falar delas agora. Já tive decepções amorosas e afetivas (como quase toda mulher sonhadora), mas nada fora do normal e nada que me fizesse silenciar a ponto de gerar qualquer conflito interno que induzisse uma doença deste nível. Pelo menos acredito nisso. Na infância sempre fui muito feliz, na adolescência já era meio introvertida, calada, observadora... confesso que até hoje sou assim. Só abro para falar de meus sentimentos se me sinto totalmente segura. Não vejo isso como sendo ruim. No máximo poderia me tornar uma pessoa mal compreendida pelo fato de ocultar alguns pensamentos e sentimentos. Se esse era o problema, hoje resolvi... escrevendo aqui. Quais foram as causas, eu não sei, mas o que posso dizer é: resolva tudo! Liberte-se das mágoas e energias reprimidas. Mal não vai fazer...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Espero que acabe logo...

Nossa... espero mesmo que isso tudo acabe logo. Desde domingo ando sentindo o mesmo sono, cansaço, formigamento.... mas também apareceu uma dor no corpo, que especialmente hoje está demais, principalmente nos quadris e na região lombar. Disse há cinco dias que os efeitos estão melhores que antes, mas não usei as palavras certas. Na verdade estão menos piores que antes. Ou não. Sei lá. A essas alturas não sei o que é melhor ou pior, só sei que está tudo péssimo novamente. Antes de passar pela quimioterapia, achei que tudo poderia ser levado tranquilamente. Várias colegas me disseram: -"Tem dias que você vai rir, outros vai chorar..." - quando falavam isso, pensava: "sérá que vou chorar? que nada... sei que consigo levar tudo numa boa...". Pois é, este momento chega, o momento de chorar. Como chegou várias vezes durante a quimioterapia. Agora mesmo, só dá vontade de chorar... O único conselho que dou: se permitam... se permitam chorar, espernear, enfurecer... vai passar... Aos parentes e amigos: tenham calma... pois os dias ruins são realmente ruins, e se não puderem ajudar, que fiquem longe. Não tenho vontade nem força para falar com as pessoas às vezes... passo longe do telefone e de qualquer tipo de conversa que me desagrade. Neste momento, é melhor ficar quieta, sem estresse e sem perturbações. Nessas horas, quando bate o sono é melhor, pois passa mais rápido.
Palavras de mamãe...
A Amanda, minha filhotinha amada, me pediu hoje pela manhã que lesse o que tinha escrito no blog e se ela deveria colocar tudo o que havia escrito. Não pude conter minhas lágrimas... também senti vontade de chorar. Eu estava no trabalho e o meu celular estava na minha sala e andando pela escola não o ouvi tocar quando ela queria que eu ligasse para a médica e encontrasse algo que aliviasse sua agonia. Eu não a ouvi... Ao chegar em casa, tentei ajudá-la com medicamentos, bolsa com água quente, não sabia mais o que fazer. O Doba (o papai amoroso dela) não foi trabalhar e ficou com ela graças a Deus! Também agradeço a Deus pelo Fábio estar sempre do lado dela. Conto isto porque saio de casa às 14h e volto somente por volta das 23h. Não poder atendê-la me machucou. Mas o que me deixou comovida ainda mais ao ler o blog foi sua preocupação em estar dizendo algo que pudesse magoar alguém ao dizer o que estava sentindo. Jamais ela deveria se preocupar com isso. Nós, sua família, temos o dever de compreender este momento e ajudar sempre para que tudo isto passe logo, amenizando da forma que puder estes seus momentos difíceis. Disse-lhe que não deveria tirar nenhuma vírgula e que todos estaríamos crescendo observando sua tamanha dignidade e força nestes momentos de sua vida. Cada dia que passa a admiro mais. Te amo muito, minha eterna filhinha.
Edna Mara

sábado, 17 de outubro de 2009

Efeitos do taxotere... o "T"

Como disse antes, fiz a quinta quimioterapia, na quinta-feira passada... ai... só faltam TRÊS.... graças a Deus!!!! Não vejo a hora disso tudo acabar e eu recomeçar minha vida, sem quimio, sem remédios... quero levar deste período só o lado bom, o lado que eu aprendi e ainda estou aprendendo a ser uma pessoa melhor. Antes de passar pelo medicamento principal, geralmente passo por vários outros para proteção do sistema gástrico, aplicação de corticóides, outros para evitar enjoo, nauseas, para alergias, etc. O taxotere, a nova medicação que estou tomando, tem vários efeitos colaterais, assim como o "A" e o "C". Neutropenia, baixa nos neutrófilos do sangue, é o efeito mais comum, ou seja, imunidade baixa. Para levantá-la tem aquelas 5 injeções diárias de Granulokine. Esse tb tem outras mil reações adversas... mas procuro nem ler as bulas para não ficar doida... (mas é importante que alguém leia, no meu caso mamãe anda lendo). De todos esses, o cansaço e o sono vêm arrebentando nesta fase. Eu, por exemplo, dormi quinta e sexta quase o dia todo... tb senti novamente um gosto ruim na boca. Até agora os efeitos estão sendo melhores que os dos medicamentos anteriores. Isso é ótimo! Pois das últimas vezes foi pesado... Espero que continue assim.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Fisioterapia pós-mastectomia




No final do mês de agosto, passados dois meses após a cirurgia de retirada da mama, comecei a fazer fisioterapia. Demorei demais para iniciar as sessões, mas era tanta novidade e coisas para aprender que acabei deixando para depois. Além da mama, foi feito um esvaziamento axilar (como dito lá no início) para retirada dos linfonodos acometidos. O problema é que este esvaziamento vem acompanhado de complicações que dificultam a função do braço do lado operado, que no meu caso foi o direito. Algumas das complicações são: inchaço do braço, falta de sensibilidade, dor, restrição do movimento dos ombros, etc. Portanto, devem-se tomar alguns cuidados após a cirurgia de mastectomia, a fim de evitar possíveis complicações maiores como o linfedema - edema (ou inchaço) devido a um acúmulo localizado de líquido de origem linfática, que ocorre por deficiência na absorção ou condução da linfa. Devido a estes fatores devemos evitar várias coisas com o braço operado, como por exemplo: carregar peso, tirar cutícula, queimar, ferir, arranhar, picadas de inseto, usar pulseiras, anéis e relógios apertados, lavar louça (melhor usar luva), praticar movimentos repetitivos, medir a pressão arterial, tomar injeções, vacinas, soro ou colher sangue para exame, etc. Até dirigir se torna um problema, mas este caso tem solução, pois nós temos direito de comprar um carro hidráulico e automático com isenção de várias taxas, que acaba saindo muito mais barato. Aliás, temos vários direitos. É bom estarmos atentas e informadas a respeito de todos.
Ontem fui ao Dr. Márcio (oncologista) e estou liberada para fazer amanhã a quinta quimioterapia, a primeira branquinha (o "T"). Agora sim, vamos lá.

Para saber mais sobre os direitos leiam o livro - Câncer - Direito e Cidadania - Como a lei pode beneficiar os pacientes e seus familiares - Antonieta Barbosa - Editora ARX

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Outubro Rosa

Outubro foi o mês escolhido para celebrar a luta contra o câncer de mama. Um movimento criado há mais de dez anos em Yuba e Lodi na Califórnia, chamado Outubro Rosa, surgiu para concientizar a população muncial no combate ao câncer de mama. O movimento alerta para a importância da mamografia na detecção precoce e cura da doença. Vários pontos turísticos de grande importância serão coloridos de rosa, onde irão representar o Outubro Rosa. Vou aderí-lo. Estou nesta luta também...

Quem quiser partipar ou saber mais, saiba como no site: http://www.mulherconsciente.com.br/


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mais uns dias para a próxima...

Ontem fui a consulta com o oncologista, Dr. Márcio, que irá cuidar de mim enquanto a Dra. Patrícia não volta da licença maternidade. Já estou com saudades dela, mas gostei dele também. O exame de sangue que levei não estava muito bom para iniciar o próximo ciclo de remédios. Preciso de mais alguns dias para fazer a próxima sessão, isso quer dizer que não farei mais nesta quinta-feira. Então, terei que refazer o exame de sangue na quinta, na sexta farei outra consulta e daí marcamos a próxima quimio, que provavelmente será na quinta da semana que vem, dando um intervalo de 21 dias. O que posso fazer? Cuidar mais do meu sistema imunológico para entrar neste ciclo com gosto de gás. As reações desta nova fase parecem ser mais brandas que as de antes: cansaço, vontade de dormir, dores no corpo, como se estivesse caminhado quilômetros de distância... A propósito: meus olhos andam lacrimejando muito, ardendo, mais sensíveis à luz do sol e inchados - perguntei para o médico, que disse que são resultado da quimio também. Outra coisa: meu paladar também foi afetado e ás vezes não sinto o gosto das comidas. Tudo é resultado do tratamento. O que estiver de errado com seu físico, emocional, psicológico... pode ter certeza que é da terrível e bendita quimioterapia.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os altos e baixos da quimioterapia

Acho que na última postagem aqui no blog, fui meio curta e grossa. Vou começar a falar sobre a consulta com a nutricionista: posso comer de tudo, pois meu câncer não estava relacionado a hormônios (prestaram bem atenção na palavra no passado... "estava" pois agora, já estou curada!!!). É claro... é bom evitar açúcar e gordura (como sempre), para não engordar demais, já que engordamos (depende do caso) normalmente por causa dos corticóides da quimioterapia. Eu engordei 5 kilos em 15 dias. Nunca pesei tanto... ainda bem que também sou boa para emagrecer, se deixar de almoçar já emagreço 1 quilo. Sempre considerei muito importante cuidar da alimentação, mas nunca fiz muito esforço para "comer melhor" pensando na saúde, a não ser ter parado de comer carne vermelha há uns dois anos (na verdade parei mais pelo amor e respeito aos animais, a saúde veio em segundo lugar). Ainda quero parar de comer carne em geral, mas a nutricionista acha melhor eu não parar neste momento. Deixa para o ano que vem... Algumas mudanças já comecei e outras estou "quase" mudando: tomando mais sucos, comendo mais frutas, comprando mais produtos orgânicos, pães e arroz integrais, etc. A única coisa que não consigo é deixar de tomar é uma cervejinha quando me sinto bem. O máximo que posso fazer por mim mesma é trocá-la "ás vezes" pelo vinho tinto (uma taça). Ah... também, troquei o chocolate tradicional pelo amargo (mas não vou deixar de comer o outro tipo ocasionalmente). Vou fazendo o que posso. Mas essa mudança é um pouco difícil. Tudo que estamos acostumados a fazer com certa frequência, é sempre muito dificil de modificar ou de eliminar de sua vida. O hábito tem realmente força.

Mudando de assunto... esta semana faço a quinta quimioterapia. Ufa... está passando do meio do caminho. Cada vez que acaba mais uma, penso: "Está chegando ao fim, mais uma missão cumprida...", e isso me deixa feliz. Da última vez (a última vermelinha), as reações foram fortes, como a anterior. A única coisa "nova" nessas duas últimas foi um excesso de irritação que tomou conta de mim por alguns dias. Credo! Nem eu me aguentava... tudo era chato! Impressionante o que se sente... era uma coisa maior que eu, não dava para controlar. Diz a minha médica que é por causa so Zoladéx (não sei se se escreve assim), aquele remedinho que injeta no corpo para resguardar a função ovariana. Pois é, ele é o culpado da minha raiva. Ela já tinha nos prevenido quanto a este mau humor. Descobri que nesses dias é melhor eu me isolar. Por que assim não desconto em ninguém. O mundo todo fica chato. Mas tudo isso passa, e o mundo parece sorrir novamente. O bom é isso.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A metade já se foi... "última vermelhinha".

Cheguei na metade do caminho. Fiz ontem minha quarta quimioterapia. A última "vermelhinha", aquela que faz cair os cabelos e é a mais chata. Portanto, se vou tomar a última dose dessas, meu cabelo pode começar a crescer. Dizem (os médicos) que normalmente ele volta a crescer logo, mas também pode demorar um pouco e começar a crescer somente no fim do tratamento. Agora que eu já estava acostumando com minha carequinha... Sobre as reações: estou sentindo somente muito sono e mal-estar. Espero ficar melhor desta vez... quando eu estiver me sentindo ruim, vou me lembrar de que fiz a última vermelhinha, que estou na metade do caminho e que agora só faltam quatro...


No começo desta semana fui a onco (Dra. Patrícia - que vai me deixar por um curto período de tempo por causa de sua gravidez, mas me deixará em boas mãos) e também à nutricionista com minha mãe, especialista em nutrição oncológica. Tirei várias dúvidas e quero seguir à risca as instruções que me passaram. Vamos lá... mãos à obra.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Reações da quimio

As reações (quimioterapia) mais uma vez, foram parecidíssimas com as duas primeiras sessões - moleza, cansaço, tontura, mal estar, enjoo, sono, muito sono, chatice (fico chata nos primeiros dias), tristeza, taquicardia... só que desta vez senti umas sensações novas e estranhas como se meu corpo estivesse flutuando ou se eu estivesse pisando em nuvens... achei que fosse loucura, mas conversando com uma colega na meditação, descobri que estas sensações são normais... outras vezes, senti também uma dormência no corpo todo. De todos esses dias, desde a quinta-feira passada (dia da quimio), só hoje estou me sentindo muuuito bem. Até ontem tive altos e baixos. Tem hora que está tudo bem, mas de repente do nada, quero deitar e dormir... muito doido tudo isso. Notei também que engordei, estou inchada (por causa dos corticóides injetados na quimio ocorre uma retenção de líquidos). Pela primeira vez estou me sentindo gorda. Dá fome de meia em meia hora, não sei o que fazer e logo depois da comilança, lá vem a fome outra vez. A barriga parece estar vazia a toda hora. Os cabelos (os poucos fios que resistiram), não sei se ainda estão caindo ou se estão crescendo, de vez em quando aparece um fiozinho encravado... deve ser assim, cai e cresce.


Anteontem, fui em uma consulta com Dr. Bruno (Masto). Conversamos bastante sobre o que vai acontecer daqui pra frente. Ele é a favor de daqui um tempo, tirar a outra mama. Há 50% de chances de dar na mama que restou. Ele prefere não arriscar. Mas tem médico que não concorda. Quando chegar a hora, farei várias consultas para ter certeza do melhor a fazer. Mas já digo que prefiro. Não quero passar por tudo de novo. Se há um risco, vamos eliminá-lo logo. Minha mãe concorda plenamente. Falamos também sobre as chances de reincidência. Conforme forem passando os anos, menor o risco de uma reincidência. O período mais crítico parece ser entre 3 e 5 anos. O que podemos fazer? Só melhorar o estilo de vida... alimentação, meditação, atividade física, fora cigarro, fora álcool.. claro, se eu fizer tudo isso estará perfeito, mas ninguém é perfeito... a única coisa que posso afirmar é que vou tentar e quero mudar muita coisa. Mais uma vez o Dr. Bruno lembrou - bendita Mastite! - se não fosse ela... aí paro mais uma vez para agradecer! Obrigada pela minha vida meu Deus! E falando em agradecimentos, mais uma vez, minha mãe escreveu. Ela acordou estes dias, com uma vontade de agradecer e o fez:


Família e amigos: um presente de Deus

No decorrer da vida, desde o ventre e ao darmos o primeiro respiro, nos relacionamos. Este relacionamento desde os primórdios da existência é que nos favorece com sensações de paz, aconchego, ternura, carinho, sossego. Nosso equilíbrio emocional é auxiliado por este contato tão fundamental à existência humana. Deus, em sua sabedoria suprema, nos proporciona convivências durante a nossa vida que certamente não ocorrem nem por acaso e nem em vão.
Quantas vezes nos sentimos muito bem ao lado de uma pessoa, e de outra, às vezes, temos dificuldade de aproximação? Que sentido teria estas situações?
Creio que Deus nestas situações pretende nos ensinar algo sobre a construção do verdadeiro amor e do desafio de permanecer nele.
O grande desafio é o de superar as dificuldades exercitando o perdão, o ouvir, o compreender, a gratidão, o sentir-se no lugar do outro para aceitar melhor seus sentimentos e limitações e ajudar a crescer, a evoluir...
Esta é a oportunidade que Deus nos dá colocando-nos neste imenso laboratório que é a vida para evoluirmos aprendendo sobre o amor incondicional – onde amamos e não pedimos nada em troca. Nos beneficiando da sensação de doar somente, e se sentir feliz, realizado com isso.
Na nossa condição humana temos dificuldade de exercer este amor por não entendermos bem esta dimensão do SER e não do TER.
Você é meu, não divido com ninguém...
Isto me pertence, não use...
É o meu direito... é o meu espaço...
Nos apegamos a coisas, objetos, sentimentos que nos fazem sofrer por nos afastarmos da dimensão espiritual, a nossa dimensão eterna, que vai além do corpo.
E na trilha da vida permanecemos no desafio de buscá-la e trazê-la à tona, superando obstáculos, para amar verdadeiramente, integralmente.
Nestes momentos pensamos o quanto é bom o aconchego da família, dos amigos, na alegria, nos festejos, o estar junto.
E é nos momentos de dor que realmente exercitamos o verdadeiro amor, agradecendo as vitórias, as oportunidades, porque nestes momentos é que paramos para refletir e aprender. O sofrimento é uma misericórdia de Deus nos possibilitando evoluir. Assim podemos redimensionar o amor e perceber o quanto é bom o abraço, a presença, o olhar solidário, o estar junto novamente.
Deus, como diz a cantora Amelinha em uma de suas músicas: “Fez nascer a eternidade num momento de carinho”, e é com esta crença que agradeço a Deus todos os laços constituídos de familiares e amigos para a eternidade, porque, creio, são para além desta vida, com os encontros, desencontros, diversidades, adversidades e oportunidades de exercitar a gratidão e os desapegos (como diz a Amanda em momentos de muita luz) e superação. Obrigada a todos por tudo de bom que nos proporcionam com seu amor e carinho. Agradeço por mim, pelo Doba e por meus filhos.

Edna Mara

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O amor à vida!


Na última postagem aqui no blog estava um pouco desanimada, hoje já me sinto ótima novamente. Acho que já estou aprendendo como meu corpo reage as sessões de quimioterapia. Nos primeiros cinco dias é tudo ruim, mas depois passa. Como dizem (os médicos e outras colegas que passam pelo mesmo problema) – a gente vai aprendendo a ver e entender os sinais do nosso corpo. Ele não é mais o mesmo. Ando mais fraca para fazer qualquer coisa. Mas como estou aprendendo, também aprendi que os dias ruins passam... Há alguns dias achei que não daria conta de ir de 15 em 15 dias, hoje já vejo que dou conta sim. Vou me lembrar que disse que ia dar conta quando estiver passando mal... Quero acabar logo com tudo isso e poder levar minha vida normalmente. O “trem” é pesado, mas não é um bicho de sete cabeças. Passado os primeiros dias após as aplicações, a vida volta ao normal. Passei alguns desses últimos dias na chácara, lugar que gosto muito, que transmite paz. Lá meditei e pensei bastante em todos esses acontecimentos em minha vida. Realmente foi uma reviravolta... A descoberta da doença, a cirurgia, meus seios, meu cabelo, a quimioterapia, congelamento de ovário, o medo de não ser mãe, etc. Mas descobri no meio desse turbilhão, que existe uma coisa muito mais importante do que tudo isso que acabei de citar: o amor... o amor a vida, o amor da família, dos amigos, o amor do meu amor... tudo isso já era importante, mas hoje é muito mais. Cada coisa tem seu valor, seu significado e que vejo hoje com outros olhos. A minha vida é muito valiosa e importante, assim como a do meu irmão. E a beleza da natureza... é impressionante! A lua, o sol, o vento, o amanhecer, o entardecer, as árvores, as estrelas, os animais... amo tudo isso muito mais! Muito obrigada Deus...
Amanhã vem a terceira. Estou prontíssima...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Nossas defesas...

Hoje tem cinco dias que fiz a segunda quimioterapia e as reações, como já havia dito, estão bem parecidas com as da primeira. Com exceção de um desânimo que tomou um pouco conta de mim. Quando penso que fizemos a segunda sessão e ainda restam seis, fico realmente desanimada. A sensação dos remédios entrando em seu corpo é bastante ruim. Além dos remédios da quimio, têm outros para não dar enjoo que eu tenho que tomar durante cinco dias (acabou hoje) e daqui pra frente, em todas as sessões, tem outro medicamento (Granulokine) que tem que injetar no corpo, também durante cinco dias, para levantar a imunidade (a Dedé e mamãe estão aplicando – “minhas enfermeiras”). Mas como diz minha mãe, tenho que lembrar que esses remédios são simplesmente para eu ficar melhor e que devo agradecer. É verdade! Mas mesmo assim, bateu um desânimo... Minha médica disse que poderíamos diminuir as sessões para de 15 em 15 dias. Em um primeiro momento pensei que seria ótimo, pois este período passaria muito mais rápido. Mas agora, analisando os fatos, não sei se é melhor. O tempo entre uma sessão e outra é bem mais curto e quando eu estiver me sentindo bem, lá vem outra. Não vai dar tempo nem “pra respirar”. Fiquei pensando nisso. Ou vivo de uma vez esta fase de quimioterapia pra passar rápido ou vou devagar, sem pressa. Não sei o que fazer ainda. Vou esperar outra consulta com a Dra. Patrícia e conversar com ela sobre o que é melhor fazer. Estou tentando ficar o melhor possível, pois sei que isso conta muito. Para todo lado que olhamos, tem sempre que pensar em como lidar com tudo isso. E a forma como lidamos com as dificuldades da vida, vão refletir em nós mesmos. Uma das formas é através da imunidade. Neste momento o que importa é ela. A meditação, o FAO, as injeções de granulokine, etc. - tudo está ligado à imunidade. Em seu livro “Anticâncer”, o Dr. David Servan-Schreiber fala principalmente sobre as nossas defesas naturais, aquelas que estão escondidas dentro de nós. Elas nos dão proteção e nos defendem tanto do câncer quanto de todas doenças que aterrorizam a nossa vivência neste planeta, ou melhor, no mundo ocidental. Os glóbulos brancos são os grandes responsáveis por este combate e são elementos cruciais de nossa capacidade de desativar o câncer. Como o autor relata, nós podemos estimular esta vitalidade do sistema imunológico ou simplesmente freá-lo. Tudo depende de nós mesmos.

“Muitas pesquisas mostram que, como todos os soldados, os glóbulos brancos humanos lutam melhor se, primeiro, forem tratados com respeito (se estiverem bem alimentados, protegidos das toxinas), e segundo, se seu comandante mantiver a cabeça fria (se lidar bem com suas emoções e agir com serenidade)”.

Ou seja, nossos glóbulos brancos agem de acordo com nossas emoções. Quando aceitamos e lutamos, é assim que eles também reagirão.

sábado, 29 de agosto de 2009

Segunda quimioterapia

Disse há alguns dias que estava careca... Mas ainda me restavam alguns fios... Agora posso dizer que é de verdade. Quase sem mais um fio. Essa parte não é muito legal... Não me aconselharam a cortar na lâmina número zero (teria mais riscos de cortar a cabeça), daí passamos a lâmina um. Mas durante a semana, os últimos fiozinhos foram caindo, caindo e continuam caindo. É tão rápido que até já desisti de chamar o cabeleireiro. Não gostei muito. Gostei mais quando cortei. Mas tudo bem, a gente acaba acostumando. Choro às vezes quando me olho no espelho por ver só alguns fios. Como já haviam me dito, essa hora realmente não seria tão divertida assim como eu imaginava. É mesmo muito ruim ver a sua cabeça assim. Em síntese, ainda estou treinando o desapego... Sei que já já, isso passa.... Preciso só tomar um sol na careca. Está muito branca. Credo! Só passar bastante protetor! Não posso ficar muito no sol, senão a pele pode ficar manchada. Existem alguns cuidados para quem está passando por este tipo de tratamento. Mas nada muito horroroso que altere muito sua vida. Por exemplo, posso até tomar uma cervejinha... adorei isso!!! rs... O que não posso fazer é sair da sessão de quimio e sentar no primeiro boteco... rs.
Falando em quimioterapia, fiz minha segunda sessão na quinta-feira, dia 27. Como minha médica tinha me alertado, as reações estão sendo bem parecidas com as da primeira sessão. Pelo menos até este momento, estou numa moleza, corpo fraco. Deu muita preguiça de levantar para escrever no blog. Tem hora que estou bem e tem hora que só quero dormir. O bom é saber que daqui uns dias, tudo isso também passa...
Mudando de assunto, estou muito feliz em saber que o blog está servindo de motivação para muitas pessoas. Muito obrigada pelos depoimentos de todos. Emociono-me cada dia com as palavras de vocês também. Dá vontade de escrever agradecendo um por um... Portanto, já se sintam agradecidos. Obrigada! Todas essas palavras são muito importantes.



"Há uma estrada de pedra que passa na fazenda

É teu destino, é tua senda, onde nascem tuas as canções

As tempestades do tempo que marcam tua história

Fogo que queima na memória e acende os corações..."


(Jeito de mato - Paula Fernandes e Almir Sater)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sentimentos de mãe...

Resolvi escrever um pouquinho sobre os meus sentimentos de mãe. Estou pontuando este momento porque o temia. Não sabia qual seria a reação da Amanda, embora sempre tivesse a certeza de que ela encontraria uma forma de lidar com esta situação de uma maneira superativa. A palavra mágica tem sido esta: superação. As dificuldades aparecem e as alternativas vão surgindo e abrindo novas portas. Creio que as coisas acontecem nesta dimensão devido ao sentimento altruísta que envolve toda a nossa família. Temos muita fé em Deus e um amor pela vida, pela natureza, pelas pessoas e um desejo de nos tornarmos melhores que sabemos vir de Deus, nos dando a certeza de que somente coisas boas acontecerão. Portanto, estamos sempre com a postura de agradecimento. Agradecemos os médicos e médicas pelas palavras e atitudes construtivas e por serem tão habilidosos e competentes. Que Deus os abençoe, lhes dê saúde e força sempre... Agradecemos aos familiares e amigos por estarem sempre presentes e tão carinhosos. Agradecemos por apreendermos alternativas de vida melhor, com mais qualidade. Estamos adotando atitudes diferentes, quanto à alimentação, meditação, hábitos saudáveis... Estamos tentando de verdade. Acreditem! É possível melhorar!
No sábado quando vi as mechas de cabelo na mão da Amanda, fiquei assustada e com medo. Não sabia se deveria ir para a chácara (pois eu já ia) ou ficar em casa com ela. Acho que estava um pouco fragilizada... Durante a semana havia ido ao hospital, três vezes, acompanhando o Doba (meu marido), a Brenda (minha filha) e para tratar-me. A Amanda sabia que eu estava um pouco cansada e motivou-nos a irmos para a chácara. Foi melhor assim; os irmãos e o Fábio, de uma forma descontraída, fizeram com que o momento que poderia ser considerado uma perda, fosse divertido. A Débora (minha filha), com sua luz única, cuidou da maninha com muito carinho. Fizeram diversos cortes de cabelo. As fotos ficaram lindas! Amanda com seu sorriso e olhar único, irradia beleza e luz em todas as fotos. Fábio (o xuxu da Amanda) também raspou o cabelo. Ô genro lindo! No domingo, quando vimos a Amanda percebemos que teríamos mais agradecimentos a Deus a fazer. Por nossos filhos, maravilhosos, solidários e companheiros e por toda a luz que a Amanda emana.
Ass: Edna Mara (Mãe da Amanda)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estou careca!!!














































































********************************************************** Estou careca! Que vida louca... Nunca pensei que ia ficar careca ....rs... Tudo aconteceu muito rápido. Na quinta, senti o couro cabeludo doer um pouco e estava caindo alguns fios; na sexta estava doendo muito mais, era mesmo como se alguém tivesse puxado meu cabelo com muita força ou se eu tivesse queimado o couro tomando sol. É mais ou menos assim... Já no sábado, logo de manhã, quando passei a mão sobre os cabelos, vinham aos montes. Era muito mesmo. Onde eu fosse, tinha cabelo espalhado. Não ia passar daquele dia. Peguei a tesoura, a máquina de cortar cabelo (emprestada pelo meu cunhado, pois desisti de chamar o cabeleireiro em casa), chamei o meu bem e meus irmãos. Começamos brincando, fizemos vários cortes legais antes de raspar. Primeiro fiz uma franja, depois tentamos um moicano. Foi divertido! Todo mundo cortou um pouco. Quando a Débora começou a raspar, me deu uma sensação estranha, não estava mais gostando tanto. Bateu mesmo uma tristeza, daí chorei um pouquinho... ninguém é de ferro. Mas essa tristeza passou rapidinho. Resumindo foi assim: ri, chorei, ri, chorei... e por fim ri de novo. Fiquei analisando minha careca. Depois de um tempo, já estava gostando. Pode ser legal ser careca, usar vários lenços, chapéus.... Acho que vai ser legal. Vamos treinar o desapego... O xuxu também raspou, mas não ficou carequinha. Afinal, o meu está caindo e o dele não. Hoje saí pela primeira vez careca. Coloquei um lenço na cabeça e fui tirar sangue (para o hemograma). Todo mundo olha. É engraçado. Mas o importante é que eu não deixei de gostar de mim, sou eu mesma, Amanda sem cabelos. Pelo contrário, estou me sentindo mais bonita, livre, leve e solta. Nem sei se vou usar aquela peruca... E outra coisa: é ótimo o vento e o sol batendo na careca... rs..

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Começou a cair....

Ontem fui à oncologista com a Débora (irmã) para uma consulta. Sempre é muito bom conversar com a Dra. Patrícia. Nunca conheci alguém tão especial. A luz dela transcende. Dá pra sentir. Uma pessoa para lidar todos os dias com pacientes com este tipo de doença tem realmente que ser alguém muito positivo e iluminado, pois deve ser difícil. Lá, ela me perguntou se meu cabelo tinha dado algum sinal de que ia cair, como uma ardência ou coçeira no couro cabeludo, e eu disse que não. Mas, saindo de lá, ainda no carro, senti a cabeça doer um pouco quando passei a mão para mexer no cabelo (faço muito isso). Era como se estivessem puxado meu cabelo. Daí lembrei que tinha acordado sentindo isso, mas não tinha dado importância. Assim que tirei as mãos dos cabelos, vi uma mexinha deles na minha mão e mostrei pra Débora. Ela disse: "Que é isso, só são alguns fios..." (tentando me dizer que era normal), mas depois ela mesma passou a mão nos meus cabelos e viu que agora era verdade. Meu cabelo estava começando a cair. Nós duas sentimos um frio na barriga e de repente nos deu uma crise nervosa de riso. Ai... era verdade. Fiquei com medo e o frio na barriga não passava. Chegando em casa contei para o resto da família e para o meu Xuxu. Ficamos pensando no que fazer... espera cair mais, raspa logo...? o que fazer neste momento??? Decidi esperar cair mais e depois eu mesma vou raspar meu cabelo. O engraçado é que anteontem eu escrevi sobre meus cabelos e não estava sentindo nada. No outro dia, tudo mudou.

À tarde eu e Débora fomos rezar um pouco. Fui fazer uma orientação espiritual na casa que gosto de frequentar, chamada GFA (Grupo de Assistência Social e Espiritual Francisco de Assis). Me sinto muito bem lá e foi ótimo nós termos ido justamente hoje. Saí de lá muito bem. Me fortaleceu. À noite senti dor de cabeça.. não sei se tem a ver com o fato do couro cabeludo estar doendo..

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Estou ótima!

Há treze dias fiz minha primeira sessão de quimioterapia e estou me sentindo ótima. Meus cabelos continuam firmes e fortes e meu corpo parece reagir bem. Além da dor de cabeça no dia que tomei a medicação só senti umas pequenas tonturas, muito sono e apenas um dia (quinto dia), não senti ânimo para sair da cama, pois meu corpo estava pesado (deve ser a imunidade baixa) daí dormi o dia todo. Mas sério... Tem hora que nem lembro que fiz a primeira sessão. A médica disse que a primeira tenderia a ser pior, já que meu corpo ainda não estava acostumado a essas drogas. Se essa foi a pior, as outras eu tiro de letra. Mas lendo e ouvindo o depoimento de outras mulheres, muitas delas começaram a sentir alguns efeitos lá pela terceira ou quarta sessão. Acredito que deve depender do tipo de câncer e grau da doença. Não sei. Sobre o cabelo, por exemplo, ela disse que podiam começar a cair lá pelo 20º dia, em algumas mulheres ele cai já na primeira sessão, outras só lá pela terceira, outras nem caiu. No meu caso, acho que vai cair sim, pela minha idade, pelo tipo do câncer e porque todos os médicos e enfermeiros (as) falaram que isso ia acontecer. Portanto, já estou me preparando como já havia dito antes. Mas tomara que este dia demore... ou nem chegue... Amanhã tenho consulta com a Dra. Patrícia (oncologista), pretendo tirar algumas dúvidas e provavelmente ela deve me pedir um hemograma para saber como andam as coisas. Se estiver tudo bem, e me parece que está, poderemos diminuir as sessões para de 15 em 15 dias.

Primeira quimioterapia 06.08.09


Chegamos lá na clínica cedo (eu, mamãe e papai) por volta das 9 horas. Fomos muito bem recebidos por toda equipe, Dra. Patrícia (onco), Gláucia (enfermeira chefe), Cláudia (enfermeira), Ronald (enfermeiro), Márcio (enfermeiro), Karla (enfermeira), Núbia (enfermeira) e Cristiane (Psicóloga). Ficamos em box separados com televisão e ainda podemos escolher ficar em uma cama ou um sofá que deita. Fiquei na cama por ser a primeira vez. Depois de colocar o soro na veia os medicamentos são administrados juntamente. Já comecei com o tal do “vermelinho”, o tal pavoroso que faz cair os cabelos e dos que eu irei tomar é o pior. Não sei dizer os nomes dos remédios, até porque são bem difíceis de pronunciar. Só sei que as primeiras quatro sessões são o A e C e nas quatros últimas o T (num total de oito sessões). Mas não me façam lembrar o nome deles. Ainda na clínica, onde saí por volta das 14h30 começou uma leve dor de cabeça. Esta dor de cabeça continuou e piorou durante todo o resto do dia onde fiquei na escuridão do meu quarto pra ver se melhorava e a base de remédios. Ainda senti muito sono, dormi quase o dia todo e à noite também. Além dos remédios para dor de cabeça, estou tomando (durante uns cinco dias) mais três remédios para enjoo e náuseas e mais cinco injeções diárias de Granulokine para aumentar a imunidade.

Amanhã começa outro ciclo... 05.08.09

Hoje fui ao consultório da Dra. Luciana (Reprodução Humana) com a Débora (minha irmã) para tirar os pontos da cirurgia. Não me lembro se comentei antes, mas foram quatro incisões. Um pontinho no umbigo, uma outra maior e centrada no ”pé da barriga” (como uma cesária), mas menor e entre esta, mais duas incisões de um ponto. Ela disse que estava tudo tranquilo e muito bom. Ainda levei o relatório de congelamento do meu ovário e ela disse que uma boa parte esta congelada dividida em vários fragmentos, ou seja, um bom material. Mas a prévia de descongelamento de um pedaço do material ainda não ocorreu e provavelmente o pessoal do instituto, onde estão guardados, irão me ligar quando isto ocorresse.
À noite senti um medinho novamente. Afinal, amanhã começa mais um ciclo, mais uma etapa.

Curso de meditação 04.08.09


Pela manhã fui conhecer a clínica onde ia fazer a quimioterapia. Muito bonita e aconchegante. Tem uma vista muito bonita para Brasília e além de tudo as enfermeiras e enfermeiros são ótimos. Conversei com a enfermeira chefe (Gláucia), tirei algumas dúvidas e ela também me deixou muito tranquila em relação ao tratamento.
À tarde dei início a um curso de meditação, que na verdade é um projeto de pesquisa de dois professores da UNB (Dr. Castellar e Dr. Eduardo Tosta) que já publicaram vários estudos e continuam pesquisando de como a meditação ajuda na cura dos pacientes em tratamento de várias doenças, mas neste caso somente no câncer de mama. Fui com minha mãe e ainda bem que ela foi, pois fará bem para ela também, já que agora tenho absoluta certeza que elas (mães) sofrem muito mais do que a gente e também precisam de ajuda para lidar com tudo isso. Os encontros vão acontecer uma vez por semana e durará 15 semanas. Acredito que vai ser muito bom, pois a primeira aula foi simplesmente fantástica. O legal disso tudo, além de aprender a prática da meditação que só me trará benefícios, ainda vou conviver e poder trocar experiências com as minhas colegas que estão passando pelo mesmo problema que o meu e ainda tem as instrutoras (que já passaram por isso também), todas de câncer de mama. Não sei nas outras aulas, mas na primeira acredito que eu era a mais jovem da sala. Reparei também, que muitas das minhas colegas, estão fazendo tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e não tem tantas oportunidades e condições para fazer muitas coisas que eu pude fazer. Isso vai bom, pois poderei conhecer este outro lado, poder aprender com elas ou até ajudá-las de alguma forma. Como ouvi várias vezes (dos médicos), esta é a hora de cuidar de mim, só de mim. Este é um momento meu, onde só eu sei o que estou sentindo e como estou evoluindo.



PROJETO DE PESQUISA

"O Impacto psiconeuroendocrinoimunológico da prática de meditação sobre pacientes em tratamento de câncer de mama"

Pesquisadores:
Dr. Carlos Eduardo Tosta - (61) 3307-2273/9963-7780 - cetosta@unb.br
Dr. Juarez Isório Castellar - (61) 3307-2273/8171-0559

Local: Hospital Universitário de Brasília (HUB) - SGAN Quadra 605, Avenida L2 Norte - Auditório 1 - Encontros todas às 3as. (terças-feiras) das 14 às 17hs.
Obs: O curso é grátis, não tem qualquer vinculação religiosa e não interfere com o tratamento instituído pelo seu médico.

Este é um período de renovação...03.08.09

Depois de umas duas semanas, consulta com o Dr. Adorno (cirurgião plástico). Ele disse que está tudo ótimo e tivemos mais uma vez conversas muito boas. De lá fomos buscar o relatório de congelamento do meu ovário e depois fomos a Dra. Patrícia (oncologista). Como sempre, também foi ótimo! Ela deixa a gente muito a vontade e com bastante segurança para começar o tratamento, que por sinal começaria após três dias. Senti um pequeno nervosismo, barriga gelada, coração palpitante e mais uma vez tive vontade de chorar. O que estou considerando momentos raros, pois sempre fui uma boa chorona. Estou me sentindo mais forte, o fato de chorar não quer dizer que você é menos ou mais forte. Só quero dizer que às vezes parava e pensava: “Nossa! Nunca mais chorei”. Achei diferente... Me sinto mais forte, pois não vejo isto tudo como sendo ruim, pelo contrário, acho que tudo isto está sendo muito bom, pois como já disse, acho que estou crescendo muito mais como ser humano e como ser espiritual. Estou sentindo e observando muito mais os acontecimento em nossas vidas e só quem passa por uma situação parecida pode entender como mudam muitas coisas lá dentro de nós e que é muito difícil de explicar. Estou passando por período de renovação em todos os sentidos e sinto que daqui pra frente, tudo só tende a melhorar, porque eu estou melhorando. Agora vem a parte mais difícil. Acredito eu. Mas a nossa positividade, fé e esperança faz tudo ser mais tranquilo. Fiquei com medo, claro, afinal sei que está chegando o momento dos meus cabelos me deixarem por um período curto e que outras coisas também podem acontecer. Isso tudo dá um pouco de medo. Não adianta a gente falar que cabelo é o de menos (ouvi muitas vezes alguém falando isso), porque não é. Quem é mulher e se coloca no lugar da outra, sabe muito bem que não é tão simples assim. Mas tudo bem. Vamos lá. Acho que estou preparada para o que vem aí.

Mais uma cirurgia... ooforectomia 25.07.09

Dia da segunda cirurgia. Saímos da casa cedo, pois a cirurgia estava marcada para 7 horas da manhã. Desta vez, eu não estava muito segura, acho que porque eu não conhecia direito os médicos que iam ajudar a Dra. Luciana na videolaparoscopia. Da outra vez, quando cheguei na sala de cirurgia e vi “meus” médicos, senti um alívio e bastante segurança. Além de tudo, a Mila (minha prima) também estava presente que era o melhor de tudo. Já desta vez tomei a anestesia geral antes de encontrar a Dra. Luciana e acho que isto me incomodou um pouco. Mas o procedimento era simples. Demoraria menos de uma hora, bem diferente da cirurgia da mama. Quando acordei, quase umas 3 horas depois chorei muito, como sempre. Só queria saber de encontrar minha família. Depois de acordar direito e acho que porque ainda estava chorando me levaram por quarto. Foi um pouco ridículo, acho que o que eu não tinha desabafado ainda, desabafei ali. Os enfermeiros já estavam falando comigo como se falassem como uma criança – “olha, se você não parar de chorar não vamos te levar pro quarto, pois sua família vai achar que te maltratamos aqui”. Eles nem imaginam como foram estressantes estes últimos dias e quantas mudanças estavam ocorrendo na minha vida. Pra falar a verdade, gostei mais dos enfermeiros e tudo o mais do primeiro hospital onde fiz a mastectomia, é claro que não vou citar nomes, mas quem me conhece e sabe onde foi, ta aí a dica. Depois que cheguei no quarto, veio o alívio. Só de ver minha família tudo melhora. Neste dia ainda passei um pouco mal, senti enjôo e vomitei. Todo mundo falou que ia ser mais simples, mas eu senti bastante incomodo durante a primeira semana após o procedimento (mesmo assim fui à feira, a uma festinha, comer churrasquinho com alguns amigos... rs...doida! Cheia de pontos...). Ainda no hospital, a Dra. Luciana me disse que havia feito uma ooforectomia (retirada de um ovário), no meu caso foi o direito, que havia mais garantias de obter mais folículos. Achei muito correto. Só que pra completar, ela ainda descobriu que tenho endometriose no ovário que me restou. Benza Deus! Eu ia ficar tentando engravidar durante anos e não ia saber porque não conseguia. O melhor de tudo isso é que o remedinho que vai proteger meu ovário esquerdo e que irei tomar durante a quimioterapia, vai sarar a endometriose. Ufa! Dormi no hospital com a mamãe e meu pai foi nos buscar no dia seguinte pela manhã. Saí de lá com o alívio e certeza de mais uma etapa cumprida.

Congelamento de tecido ovariano II - 22.07.09

No dia marcado para a conversa com a Dra. Tatiana, fomos mais uma vez, mamãe e eu. Lá descobri que o que estava fazendo era apenas uma técnica experimental de criopreservação que não tinha garantia de sucesso. A técnica de congelamento de tecido ovariano consiste na retirada de um fragmento do ovário através de um procedimento cirúrgico de videolaparoscopia que é subdividido e congelado para uma futura utilização quando eu quiser engravidar. Uma pequena parte é descongelada previamente para avaliar as condições de sobrevida após congelamento/descongelamento que eu já ficaria sabendo das condições alguns dias após a cirurgia. Na literatura, até o momento, só há 5 casos de nascimento de crianças provenientes deste tipo de procedimento. Fiquei bastante assustada e minhas esperanças de ser mãe um dia foram quase que por água abaixo. Mesmo assim, assinei os documentos e decidi tentar. Afinal era a única alternativa que me restava, pois saindo de lá, liguei para a oncologista para saber se eu poderia tentar fazer o congelamento de embriões, que havia muita garantia de sucesso e era a opção mais aceita pela comunidade científica atualmente. As duas médicas (Dra. Patrícia e Dra. Luciana) conversaram e decidiram que esta última eu não poderia fazer, pois não havia mais muito tempo, já que a quimioterapia não pode esperar e o tempo já estava se esgotando (geralmente não deve passar de 45 dias após a cirurgia), mas o pior é que os hormônios que são normalmente tomados para induzir a ovulação poderiam levar ao aparecimento de um novo tumor. Fiquei bastante abalada com tudo isso. Mas logo levantei a cabeça e resolvi seguir em frente. Afinal estava fazendo agora o que estava ao alcance de minhas mãos. O futuro estava nas mãos de Deus. Como a própria Dra. Tatiana havia me dito, eu tinha várias alternativas, ia tomar o tal do remédio para preservar o ovário durante a quimio, ia coletar para congelamento o tecido ovariano e, além disso, meu ovário poderia voltar a funcionar ou nem ser tão afetado após a quimioterapia. Se nada disso desse certo, tinha outras opções como a adoção de óvulos (que seriam fertilizados com o gameta do meu marido e depois o embrião implantado em meu útero) ou adoção de uma criança.

Congelamento de tecido ovariano 15.07.09

Dois dias depois fui ao consultório da Dra. Luciana, especialista em endoscopia ginecológica e reprodução humana com minha mãe. Esta mesma médica havia feito a cirurgia de retirada de pólipos do útero de minha mãe e esta tinha amado. Combinamos de fazer uma cirurgia de congelamento de tecido ovariano já na semana seguinte e que eu conversaria com outra médica (Dra. Tatiana) que me daria às orientações necessárias de todo o procedimento e também era da clínica onde seriam mantidos meus óvulos, minha contribuição para possíveis filhotes num futuro próximo. Fiquei muito feliz com nossa conversa e saí de lá com a esperança de que seria mãe um dia.

Pensando no cabelo... 11.07.09

Ainda pensando neste lance do cabelo e como eu não conseguia lavar meus cabelos direito por causa da cirurgia de esvaziamento axilar no braço direito, minha irmã tinha que ficar lavando sempre e ainda estavam grandes dificultando tudo, decidi cortá-los um pouco. Além disso, já iria me acostumando um pouco com diferença do cabelo cortado. Fui ao salão e cortei os cabelos na altura do pescoço. Guardei o resto para uma possível peruca ou para doação. Ainda conversei com o cabeleleiro para que fosse na minha casa quando eu fosse raspar. Tudo combinado. Ou talvez, eu mesma raspe.

Exame PET/CT



Depois de alguns dias (dia 09.07) realizei um exame chamado PET/CT que é novidade do mundo da medicina. Este exame faz uma análise do corpo todo e pode detectar qualquer malignidade de até 1mm. É um exame muito preciso e muito importante, pois dele iríamos saber se tinha alguma metástase para qualquer parte do corpo. Tudo foi bem demorado, entrei lá 9 horas da manhã e saí quase 16 horas. Tem um tempo de descanso com soro, que leva umas 2 a 3 horas (você fica em jejum de carboidrato no dia anterior), depois toma uma medicação na veia que irá detectar durante o exame um possível tumor. Por fim, a gente entra em uma máquina que faz esta análise. Neste dia agradeci muito a Deus por me dar oportunidade de fazer este exame e por tudo que fiz até agora. Muitas pessoas estão enfrentando filas e listas de espera para fazer uma simples mamografia, enquanto eu tive a oportunidade de fazer tudo por convênio graças a Deus. Falando nisso, assisti uma reportagem um dia desses, sobre mamógrafos no Distrito Federal. Parece que só existia um, e este um estava quebrado há mais de dez anos. É um absurdo. Para umas pessoas é tão simples e para outras este tipo de exame é tão difícil e pode significar tudo. Quantas mulheres já devem ter morrido de câncer de mama não só aqui no DF como em todo Brasil porque não tiveram assistência médica necessária. Isso é comprovado nas estatísticas, pois o câncer de mama é o que mais mata mulheres hoje no Brasil, isso porque provavelmente não são descobertos há tempo. Se descobertos há tempo, as chances de cura são de 100%. Aí está a importância da mamografia que é o exame mais preciso para detectar este tipo de câncer. A saúde deve ser priorizada sempre.

Bendita mastite!

Alguns dias depois, saiu o resultado da biópsia que era muito esperado, afinal nele constava tudo. Levamos ao Dr. Bruno (masto). O resultado confirmava o câncer invasivo (metástase para os linfonodos), mas graças a Deus, a “invasão” foi pequena. De 31 linfonodos retirados, somente dois estavam comprometidos. Como disse o médico, este resultado foi positivo, apesar de ser agressivo o câncer poderia ter invadido boa parte dos linfonodos que é geralmente o que acontece quando se tem parte da mama tomada e no meu caso a mama quase toda já estava tomada. Durante a cirurgia ele disse ter ficado bastante preocupado, pois acreditara que boa parte já estaria comprometida. O acontecera na verdade, é que a Mastite que eu tive, deixou esta área um pouco inflamada, o que podia confundir. Falando nela – bendita mastite! Se eu não tivesse tido esta mastite, nem tão cedo ia realizar qualquer exame da mama, por causa de minha idade e por não ter histórico familiar de câncer na família, e no meu caso também não detectaria pelo auto-exame, pois não tinha nenhum caroço ou nódulo. Uma doença não teve nada a ver com a outra. Pois é. Deus me mandou esta mastite para que eu começasse a tratar da mama. Falando Nele... é muito curioso como as coisas vão acontecendo. Tudo aconteceu parece que na hora certa, pois apresentei minha monografia em novembro passado e em dezembro comecei a sentir os sintomas da mastite. Mais ou menos assim, uma coisa de cada vez. E, além disso, parece também que acontecem estas coisas quando estamos mais fortes, pois me sinto forte e estou levando tudo numa boa, apesar das dificuldades, elas vão passar, estão passando e nunca podemos deixar de pensar no próximo, pois ouvi muitas histórias de pessoas que passaram ou estão passando por situações muito piores que a minha. Mulheres grávidas com câncer de mama, ou até outros tipos de câncer, pessoas com metástases, como por exemplo, José Alencar (vice-presidente) que para mim é um guerreiro, um lutador e merece a vida mais do que ninguém, até o momento já passou por 15 cirurgias, inclusive experimentando alternativas novas de tratamento e continua sorrindo. São pessoas assim que nos inspiram a lutar também e nos mostram que as dificuldades da vida podem ser superadas, basta ter fé, confiança e acreditar que tudo da certo, porque vai dar. Como bióloga e evolucionista, acredito na evolução humana, mas também acredito na evolução espiritual. Para mim existe uma Força Maior, que chamados de Deus, que permitiu que a vida se desenvolvesse e evoluísse. Passar por uma doença deste nível, creio ser mais um momento em que passamos para nossa própria evolução, seja ela humana ou espiritual. Tudo é aprendizagem e evolução. Cada dia muda alguma coisa em nossa forma de ver os acontecimentos da vida. Tem lados ruins, mas os lados bons são maiores e melhores e acabam superando os ruins.

Nos dias seguintes comecei a ler mais sobre quimioterapia. Muitas coisas podem acontecer, dessas, podem acontecer todas, nenhuma, ou só algumas, depende da reação ao tratamento e isto varia de pessoa a pessoa. Pensei muito em como ficaria careca e se ficaria careca. O Dr. Bruno (Masto) já havia me dito que provavelmente a quimio seria bastante agressiva por isso era quase certo que meu cabelo fosse cair. Marcamos uma consulta com a oncologista e conversamos um pouco com a enfermeira da oncologia (Sabrina) muito gente boa, adorei! Ela explicou como seria mais ou menos e me disse que eu não deveria cortar meus cabelos ainda, que era o que já estava pensando em fazer (raspar), ainda bem que não fiz isto, pois ia demorar ainda até começar a quimio e o cabelo começar a cair. Ela me deu alguns telefones de lugares que faziam peruca com o próprio cabelo, de lugares que vendiam perucas sintéticas e ainda me emprestou um livro “Câncer – direito e cidadania” de Antonieta Barbosa que nos explica tudo sobre como a lei pode beneficiar os pacientes e seus familiares. Nos dias seguintes compramos alguns lenços, chapéus e até uma peruca sintética (muito parecida a um cabelo de verdade) para o período de tratamento.
Algumas dicas de onde encontrar perucas, lenços e chapéus:
  • Tânia Wig's Perucas e Acessórios - SHIS QI 5 bl I lj. 10 - Gilberto Salomão - Brasília - DF(61)3364-1567 (lá tem perucas sintéticas muito parecidas com cabelo natural);
  • Hat shop Loja de chapéus - Terraço Shopping- 1 piso - (61)3964-0538