sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Rumo ao fim da reconstrução mamária


Depois de alguns meses, cá estou eu de volta.... Graças a Deus tudo continua nos conformes e espero continuar assim. Fiz exames de controle nos últimos meses e está tudo OK. Consultei-me novamente com minha oncologista e depois com meu mastologista. Refiz vários exames, inclusive a mamografia, que depois de colocar as próteses achei que não a faria mais. Pois é, estava enganada. Aliás, a mama mastectomizada também deve ser mamografada, a fim de pode detectar “coisas” que os outros exames, como ecografia e ressonância não mostram. De acordo com meu médico, na maioria das vezes restam vestígios de tecidos mamários e a mama nunca é 100% removida. Por isso, a prevenção nas duas mamas deve continuar sempre. Todo cuidado é pouco. Inclusive, ele me deixou até um pouco com medo e lembrou que meu CA era bastante agressivo e que três anos passados sem reincidências representava muito, afinal, nesse período de tempo as chances de recidivas são maiores. Fiquei apreensiva, mas muito feliz! Melhor ainda é passar dos cinco anos, período no qual as chances de sobrevida aumentam muito mais.

Riscos à parte, a vida continua... E a novela da reconstrução definitiva da mama também. Estou me preparando para fazer outro procedimento em relação à reconstrução do mamilo. A princípio seria um procedimento cirúrgico simples, do qual retirar-se uma pequena quantidade de gordura da região lateral do abdômen e faz-se um enxerto na mama para reconstruir o mamilo. Esta técnica é um pouco diferente. Pesquisei na internet, mas não encontrei muitas repostas sobre ela. Pedi ao meu médico que me mostrasse alguns exemplos antes de fazer o procedimento. A primeira ideia seria a de colocar uma pequena bolinha de silicone por baixo da pele, mas ele ficou com medo de não “pegar”. Os outros tipos mais comuns de reconstrução do mamilo são o enxerto de tecido do mamilo do lado bom ou utilização da própria pele do local onde será reconstruído. Estou um pouco apreensiva como sempre. Todo novo procedimento é sempre um desconhecido. Mas confio no meu médico e sei que ele fará o que for possível para ficar legal. Na verdade, sempre ficamos apreensivas com todos esses novos procedimentos, mas temos que arriscar, pois nem sempre o que é bom para uma é bom para outra. Lembremos sempre que cada caso é um caso e todos dependem de vários fatores que devem ser avaliados pelo médico, como: tipos de reconstrução mamária (expansor, retalhos, próteses, etc.), condições locais da pele, músculos, possíveis áreas doadoras e/ou outras condições pessoais de cada paciente. Bem, se tudo der certo, acredito que na semana que vem eu faça este procedimento e seja o que Deus quiser. Como já disse várias vezes, quero acabar com esta “novela” de reconstrução e tocar a vida pra frente. Apesar da positividade e da forma como vejo a doença, confesso que a mastectomia afetou sim um pouco da minha “identidade” feminina, tanto do ponto de vista físico quanto psicológico. Tento não pensar muito, lembrar sempre que existem pessoas que passam por situações piores e seguir em frente, mas sem dúvida, a reconstrução definitiva auxiliará na recuperação total dessa autoestima.

Queria falar aqui também sobre um lindo projeto que conheci pela internet, de um fotógrafo americano chamado David Jay, que fotografou várias mulheres mastectomizadas entre 18-35 anos. The Scar Project – Breast Cancer is Not A Pink Ribbon, nome dado ao projeto, priorizou esta faixa etária para chamar atenção aos recentes casos descobertos de câncer de mama em mulheres mais jovens, além de divulgar, levantar fundos para a pesquisa do câncer de mama e ajudar as pacientes a se verem por “um outro ângulo”. As palavras do próprio David Jay explicam perfeitamente sobre este lindo projeto: "Para estas mulheres jovens, tendo seu retrato tirado parece representar a sua vitória pessoal sobre esta doença terrível. Isso as ajuda a recuperar a sua feminilidade, sua sexualidade, identidade e poder, depois de ter sido roubada uma parte importante delas. Através dessas imagens simples, elas parecem ganhar alguma aceitação do que aconteceu a elas e ganham força para seguir em frente com orgulho." Achei incrível! Realmente mostra que o câncer de mama não é apenas um laço rosa. A realidade vai além... Lindas e emocionantes imagens! Vale a pena conferir!
 Inté!